domingo, 24 de outubro de 2010

Das coisas que me deixam um bocadinho triste

Imaginem o seguinte:
Têm uma amiga que teve uma relação longa. A relação acabou porque o dito cujo quis, não porque a amiga quisesse. Essa relação foi tão longa que a convivência foi muita, e expressões típicas da família da vossa amiga, foram-se entranhando na relação.
Depois da relação acabar, o dito cujo arranja uma namorada nova. A vossa amiga sofre porque no fundo ainda gosta dele. E vocês: "Tu és melhor que isto! Não te vais deixar abater por tão pouco! Tu se não tens ninguém é porque não queres!" e mais uma série de frases é-mais-fácil-falar-que-fazer que vocês tão bem sabem (porque já sentiram na pele) que confortam mas não resolvem. O sofrimento dela vai diminuindo, quase que inevitavelmente, com o tempo.

Um belo dia, vocês cruzam-se com o ex da vossa amiga e com a namorada nova. Nesse belo dia apercebem-se que ele trata a nova namorada de maneira exactamente igual à que tratou a vossa amiga. Com aquelas expressões tão típicas da família dela, que vocês só conhecem porque até tratam os pais dela por tios e é como se fossem mesmo da família. Que a nova namorada se ri dessas expressões (sem perceber sequer o que significam, que cada região do país tem os seus vocábulos, e a família da vossa amiga é um poço sem fundo de expressões fora do comum) como uma criança semi-histérica e acrescenta: "Dizes coisas tão engraçadas!"

E vocês lembram-se de como a vossa amiga lhe explicou o significado de cada expressão. De como ele ficava intrigado e fascinado de cada vez que ouvia uma nova. De como ele a tratava carinhosamente por esses vocábulos e vos ia contar que ela gostava/achava piada/ficava embevecida por ele usar expressões típicas da família dela.
E vocês (eu) têm pena. Porque uma coisa que era dela, que ela valoriza, de que ela tanto se orgulha, está a ser "mal-usado" por quem nem sequer o percebe. E por quem a fez tão infeliz.

3 comentários:

  1. Será que essa amiga poderás ser tu?

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  2. Morah: Poder até podia. E, em abono da verdade, talvez me sentisse um bocadinho (maior) triste. Mas felizmente não sou. Isto só serviu para eu dizer "os homens são todos iguais". Precisamente porque comigo foi "igual" e eu não gostei.

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  3. Oh não devias meter os homens todos no mesmo saco. Há sempre o tal, que um dia encontrarás ou encontraste e te irá fazer as vontades =)

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Vamos lá reflectir...