A propósito
deste post da Miss Glitering, dei por mim a pensar em como somos mesmo assim...
Eu também já quis mudar
(ou melhorar, como eu acreditava na altura) alguém. Já me convenci que para ser tal-e-qual como idealizava só faltavam aqueles pormenores que tentava insistentemente incutir nele. Também passei pelo "inverso". Quando acreditei que era melhor ceder a alguns dos seus caprichos para que fossemos mais felizes. Na minha cabeça, um de nós mudar única e exclusivamente de acordo com a vontade do outro era sinónimo de que iríamos aproximar-nos da perfeição.
Depois descobri que a perfeição não existe. As pessoas não mudam verdadeiramente e quando parecem fazê-lo acontece como no post da Miss Glitering e é um tiro no porta-aviões.
Eu não mudei. Ele também não. Quando demos por nós estavamos cada um a regressar à sua origem: ele a Marte e eu a Vénus.
E agora que estou mais "crescida", sei que é um erro tamanho tentar mudar-se alguém.
É um erro a todos os níveis em que seja possível errar numa relação: é o ínicio do fim.
Ninguém é feliz a fazer determinada coisa apenas porque o outro quer. Até pode ter piada inicialmente, mas depois a infelicidade acumula-se e é "porta-aviões ao fundo".
Ninguém é feliz ao deixar de ter uma rotina a que antes estava habituado e com a qual se sentia bem, apenas porque a outra pessoa não gosta de determinado hábito. Ao ínicio pode ser giro, fazer coisas diferentes, mas quando sentimos falta do conforto que a nossa rotina nos transmitia: "porta-aviões ao fundo"
Ninguém é feliz quando deixa de ter determinada atitude perante a vida apenas porque a outra pessoa pensa de maneira diferente. Mais tarde ou mais cedo, apercebe-se que não é assim que quer ser e é "porta-aviões ao fundo".
Nunca antes como agora dei tanto valor ao que sou.
Nunca antes como agora desejei ter alguém ao meu lado que não mude, por mim, por ele ou por nós. Que se mantenha igual a si mesmo, com todos os seus hábitos, rotinas, manias, gostos, tudo. Porque quando nos apaixonamos por alguém, essa pessoa é como é. Não tem que mudar para ser como nós gostariamos que fosse!
Nunca antes como agora pensei querer alguém tão diferente e tão igual a mim. Para não mudar. Para ser igual a si mesmo. Porque é aí que reside o segredo: gostar do outro como ele é, sem floreados ou ilusões de mudança.
E tu tens uma vida tão estabelecida,
uns hábitos tão marcados,
uns gostos tão vincados,
que ainda me fazem querer-te mais.